quinta-feira, 24 de novembro de 2016

#agordinha

Hoje deparei-me com esta notícia acerca dos hábitos alimentares das crianças em Portugal e, de repente, senti-me novamente uma criança obesa.

Em minha casa, não havia (e não há) educação alimentar no que toca a comer verdes, comer mais grelhados e cozidos e controlar os fritos e a doçaria, isto é, o lema de vida aqui sempre foi "se apetece é para comer!" e eu, sendo educada desta forma, tornei-me rapidamente numa criança obesa. Atenção que com isto não estou a querer dizer que a minha família foi negligente, nem nada que se pareça. Simplesmente, se a menina não queria peixe, comia carne. Fizeram-me as vontades e isso, a longo prazo, foi-me prejudicial. Mas quando cresci, quando comecei a tomar consciência da realidade, também não fiz nada para mudar! E aí, só me posso culpar a mim mesma.
Nunca tive nenhum problema de saúde devido ao excesso de peso e, muito pelo contrário, sempre que fazia análises os meus valores estavam impecáveis.
No entanto, tive problemas de auto-estima, de amor próprio e até muitos desgostos no que toca a relações amorosas.

Desde cedo que comecei a ser a "gordinha engraçada".
(até porque, como já li em vários lados, os gordos são todos engraçados e quando se é gordo, tenta-se ser engraçado para ser "aceite". Mentira. Mentira total. Conheço pessoas obesas que de engraçadas e divertidas têm pouco, e muito devido à sua condição física, mas adiante.)

A "gordinha engraçada", nunca teve um namorado até entrar na faculdade.
A "gordinha engraçada" não vestia saias/vestidos com vergonha das suas coxas.
A "gordinha engraçada" comia às escondidas para não ser reprimida.
A "gordinha engraçada" não tinha assim tanta piada quando se olhava ao espelho.

Hoje em dia, continuo a ser "gordinha" (ainda que bastante menos!) e, posso dizer, "engraçada" (isso já depende dos dias!) mas muita coisa mudou. Tento todos os dias ganhar um pouco mais de confiança em mim e naquilo que sou capaz de atingir.
Hoje em dia, uso saias, vestidos e calções sem preconceito, não só porque estou efetivamente "menos gordinha" mas também porque aprendi que devo vestir aquilo que me faz sentir bem e bonita.
Hoje em dia, levo um estilo de vida mais saudável, com falhas (muitas!) mas com compensação e com equilíbrio.
Hoje em dia, consigo olhar-me ao espelho e, muitas vezes, até gostar do que vejo.

Tudo isto para tentar passar duas mensagens que, julgo, são muito importantes:

A 1ª é que, independentemente do tamanho que vestimos, o importante é sentirmo-nos bem connosco e, acima de tudo, sermos saudáveis.

A 2ª para as mães e futuras mães que possam ler: Nós somos o que comemos e os nossos filhos (ou futuros filhos) serão, em muito, aquilo que nós lhes passamos. Começar, desde pequeno, a incutir um pensamento de alimentação saudável, de equilíbrio alimentar e da importância do exercício físico (seja ele em forma de natação, futebol, dança.. o que seja...) é o 1º passo para que criemos uma criança saudável, confiante e feliz.

Até à próxima, 
Licas

imagem: google

1 comentário :

  1. O problema é que essa falta de educação alimentar existe em 95% das casas em Portugal, ainda custa a entender que o açúcar é addictive e que deixar os miúdos comer "iogurtes" (leia-se copos de açúcar com leite) e bolachinhas à discrição é normal porque "a criança tem fome e está a crescer".. bem vejo pelo meu irmão :p depois não admira que metade dos miúdos tenha excesso de peso (e contra mim falo, como sabes Ahah)

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